Assumindo a Responsabilidade pela Gestão Ativa da Sua Vida

02/06/2025
Assumindo a Responsabilidade pela Gestão Ativa da Sua Vida

Como você gerencia a sua vida?

Me interesso bastante pela rotina das pessoas. Como você organiza o seu dia? E a sua semana? E o seu mês?

Quando eu pergunto, a maioria das pessoas não têm respostas para essas perguntas.

Muitas delas citam a “falta de tempo” como justificativa. Leitura e exercícios físicos geralmente estão entre as atividades que não sobram tempo para serem feitas.

E você? Como funciona o seu dia a dia?

As pessoas em geral não tem uma visão de como funciona a própria rotina.

Se você acha que não tem uma rotina, a verdade é que não é você quem está no controle da sua rotina. Todas as outras pessoas estão.

Ao não definir como vai ser o seu dia, o mundo vai definir por você. Você vai passar o seu dia reagindo ao que o mundo jogar na sua direção.

O nome desse comportamento é Gestão Passiva: reagir aos acontecimentos e apagar incêndios a medida que eles vão aparecendo.

E por que isso é um problema?

Os problemas da gestão passiva

A gestão passiva não é apenas um problema, é um sintoma de algo maior.

Por que será que uma parcela relevante da população leva a vida de forma passiva, deixando o mundo tomar as decisões delas?

Ora, se é o mundo quem toma as suas decisões, de quem é a culpa por todos os seus problemas? Do mundo.

Viver de forma passiva te dá a desculpa perfeita para culpar os outros pelos seus problemas.

Vamos explorar as consequências dessa mentalidade e comportamento.

Alguém está escolhendo por você

Desde pequeno, meus pais já haviam definido a minha vida. O planejamento era algo como:

  1. Estudar
  2. Passar em uma universidade (preferencialmente pública)
  3. Me formar
  4. Conseguir um emprego em uma grande empresa ou prestar um concurso
  5. Trabalhar e juntar dinheiro
  6. Casar e ter filhos
  7. Repassar o planejamento aos seus filhos

Não tem nenhum problema com esse planejamento, se foi você quem escolheu ele.

Quando as suas ações são baseadas nas expectativas dos outros, pode ser que eventualmente você atinja todas essas expectativas. E aí, o que acontece?

O mundo não te dá mais objetivos — porque você já cumpriu todos — e você fica com uma vida cheia de aprovação externa mas internamente vazia.

Reação e Resposta

A gestão passiva também se materializa pela dominância de “reações” no lugar de “respostas”.

Reação é uma ação automática a uma situação, a resposta é uma ação pensada e construída de como você vai lidar com aquele momento. Responder é o ato consciente de decidir a sua ação.

A reação é impulsiva, a resposta é em consideração suas vontades e consequências.

Dificuldade de avançar na direção que você quer

É difícil ter uma visão clara do futuro quando você está sempre apagando incêndios.

Você sabe onde quer chegar mas a bagunça do dia a dia consome toda a sua energia. Você não consegue conectar sua execução diária com o seus objetivos de médio e longo prazo.

Por mais que você esteja ocupado todos os dias, você não se aproxima de onde quer chegar.

Você está sempre “sem tempo”

Suas prioridades ditam a alocação do seu tempo. Mas existe a questão de quem definiu a suas prioridades.

Quantas vezes você já disse ou pensou “ainda não tive tempo de [insira aqui o que você deveria ter feito]”?

Sem um sistema de autogestão, você tem que torcer para os planetas se alinharem para conseguir dar atenção aquele problema — que provavelmente poderia ser resolvido em 20 minutos.

É só verificar no seu celular o tempo de uso dos aplicativos durante a última semana para ver que o seu problema não é (e nunca foi) falta de tempo.

Falta de responsabilidade

Levou uma multa por estacionar em local proibido? “Esses guardas estão de sacanagem, parei só por 5 minutos.”

Entregou o projeto depois da data combinada? “O Zé ficou de me enviar uns documentos mas não mandou, não tive como finalizar.”

Atrasou o pagamento do seu funcionário? “Tomei um calote do cliente, preciso que você tenha paciência, assim que eu receber eu te pago.”

Ao atribuir culpa a outra pessoa ou acontecimento, você perde a oportunidade de aprender com a situação. Afinal, se não era sua responsabilidade, você não poderia ter feito nada diferente.

Como eu cheguei aqui

Meu último emprego antes de abrir minha própria empresa foi como gestor da área de tecnologia de uma pequena startup.

Isso foi antes de eu ter qualquer noção do que era “autogestão”.

Eu frequentemente questionava os donos da empresa sobre algumas decisões gerenciais. Até que em uma reunião um dos donos da empresa me devolveu: “Rodrigo, quantas empresas você já teve mesmo?”.

Aquela pergunta me fez perceber que talvez eu não soubesse tanto quanto achava que sabia. Em poucas semanas fui embora e abri minha empresa com mais dois amigos.

“E agora?”

Quando você começa o seu próprio negócio, não tem ninguém pra te dizer o que fazer. Comigo não foi diferente.

Além de precisar saber o que tinha que ser feito, eu tinha que saber como organizar e executar as minhas atividades.

Identidade visual? Comprar um domínio? Abrir uma conta no banco? Fazer cobranças? E os primeiros clientes?

Não existia a menor possibilidade de organizar as coisas apenas na minha cabeça. Eu precisava de um sistema.

Algum sistema para gerenciar alguma coisa

Eu já havia utilizado uma ferramenta de gestão de projetos chamada Asana em outros lugares onde trabalhei. Era um bom ponto de partida.

Eu tinha alguma familiaridade com o software e comecei a utilizar. Se você já tentou começar a usar alguma ferramenta dessas, sabe que não é algo fácil.

Além da dificuldade técnica, existia a necessidade de criação de hábito e mudança de mentalidade. Era uma questão de sobrevivência, não era opcional.

Criei diferentes projetos dentro do Asana e comecei a usar (quase que) diariamente. Separei listas de tarefas e afazeres. Tudo resolvido, certo?

Em poucos dias percebi que as listas de tarefas não resolveram a minha procrastinação crônica — que antes era neutralizada por cobranças externas.

Eu tinha a ferramenta, mas minha mentalidade e conhecimento eram limitados.

As ineficiências e falta informação

Fui atrás de entender o que me fazia procrastinar tanto. Consumi muito conteúdo sobre o assunto, mas dois livros em específico mudaram a minha cabeça.

O primeiro foi “Procrastinação: Guia científico sobre como parar de procrastinar “ da Lílian Soares. Um livro que foi essencial para eu entender os mecanismos por trás da procrastinação e parar de me demonizar por ser um procrastinador crônico.

O segundo é um livro bastante famoso, “Hábitos Atômicos”, do James Clear. Ele trabalha a teoria da criação de hábitos e maneiras práticas de adquirir bons hábitos e perder hábitos ruins.

“Acho que agora vai”

Colocando em prática algumas das técnicas que aprendi, comecei a utilizar tarefas atômicas para organizar as atividades do dia a dia da empresa.

Comecei a planejar as minhas tarefas do dia seguinte sempre no dia anterior.

Com mais alguns ajustes, as coisas começaram a fluir. Era o nascimento do sistema que ia mudar a minha vida.

Autogestão

Logo comecei a utilizar os conceitos e o sistema como um todo na minha vida pessoal. Criar hábitos e executar as tarefas do dia a dia não eram mais problemas.

Sempre que queria fazer algo, era só criar as tarefas e definir as datas — o sistema cuidava do resto.

Comecei a me sentir cada vez mais no controle da minha vida e do meu tempo. Também passei a ter uma sensação maior de responsabilidade e capacidade.

Gestão da vida pessoal

Isso foi mais ou menos na mesma época que saí de casa e fui morar com a minha namorada — hoje, esposa.

Quando o sistema começou a funcionar bem, convenci a minha namorada a tentar também. Foi mais fácil do que eu imaginei.

Logo começamos a usar o Asana para coisas da casa e vida pessoal: lista de compras, separação de afazeres, planejamento de viagens.

Iterações e aperfeiçoamentos

A gestão diária de projetos e tarefas se tornou natural e começou a evoluir.

Processos foram desenvolvidos, tarefas e projetos passaram a ter diferentes classificações e automações foram criadas.

Eu estava aprimorando a gestão da minha vida.

Compreendendo a visão geral a partir do dia a dia

Eventualmente, por curiosidade, tive a ideia de visualizar as tarefas que foram concluídas na semana. Fiquei surpreso.

Eu descobri que conseguia ver todas as pequenas coisas que haviam sido executadas em um período de tempo. Tornei isso uma rotina semanal: analisar e anotar os acontecimentos relevantes da semana — uma prática que tenho desde 2022.

Em poucas semanas comecei a ter uma visão do todo. Era possível perceber se o que estava sendo executado estava de acordo com os meus objetivos. Se uma semana foi mais ou menos produtiva e se as metas semanais (que passei a estabelecer) estavam sendo cumpridas.

A definição (ativa) da direção

A partir das tarefas atômicas diárias, estabeleci uma percepção de como a minha vida estava funcionando.

De tempos em tempos era necessário redefinir minhas prioridades, aperfeiçoar o processo como um todo e mudar alguns hábitos. Agora isso era possível (e relativamente simples).

Eu tinha informação suficiente para avaliar se estava no caminho certo e a capacidade de definir minha execução diária.

Assumindo a responsabilidade

O tempo foi passando e cada vez mais eu me sentia no controle da minha vida.

Escolher o que eu ia fazer no dia seguinte me dava um senso de direção e executar cada pequena tarefa gerava uma sensação de estar mais próximo de onde eu queria estar.

As coisas eventualmente fugiam um pouco do meu controle. Imprevistos aconteciam e meus dias precisavam ser reorganizados. O sistema permitia essa flexibilidade.

A gestão do meu dia a dia era, consequentemente, a gestão da minha vida.

A Autogestão e a Inteligência Emocional

Inteligência emocional é um conceito em psicologia que descreve a capacidade de reconhecer e avaliar os seus próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com eles.

Existem quatro pilares da inteligência emocional:

  1. Consciência de si mesmo
  2. Gestão de si mesmo
  3. Consciência dos outros
  4. Gestão de relacionamentos

Nesse contexto, “gestão de si mesmo” se refere principalmente a gestão de emoções e sentimentos.

Eu acredito que a gestão do seu dia a dia — e da sua vida como um todo — te torna mais capaz de administrar suas emoções.

Autogestão é assumir a responsabilidade pelas suas tarefas diárias, gerenciar essas atividades de uma forma que te possibilita ter uma visão geral da sua vida e fazer ajustes conforme necessário.

Praticar a autogestão vai te ajudar a ter mais consciência e controle.

Tijolo por tijolo

A execução não era mais um problema. Eu só precisava saber mais ou menos o que tinha que ser feito, criar as tarefas e executar.

Também desenvolvi a habilidade de quebrar grandes desafios em diversas tarefas menores.

Com essa mentalidade e o sistema, tudo que você quer atingir se torna questão de tempo. Dia após dia após dia, você vai fazer as pequenas tarefas necessárias para te deixar mais próximo do seu objetivo.

Sente que não está progredindo? Revise suas prioridades e as tarefas que está executando.

De tijolo em tijolo, logo você tem uma parede, uma sala, uma casa, um castelo.

A Autogestão como uma mentalidade

Ser responsável pela gestão ativa da sua vida também tem efeito sobre a sua saúde física.

Depois de duas cirurgias na coluna e mais de um ano de fisioterapia — e terceirizando o cuidado com a minha saúde — criei uma rotina diária de exercícios que me devolveu qualidade de vida e a possibilidade de praticar esportes.

Se você tem um emprego, se possui a própria empresa ou se trabalha de forma autônoma, a autogestão como uma maneira de pensar e viver pode te trazer mais controle, tranquilidade e segurança.

Gerenciar a sua vida deve ser um compromisso que você tem com si mesmo.

Gerencie a sua vida de forma ativa

Assuma o controle dos seus dias, das suas semanas e da sua vida. Use uma agenda, um software ou um quadro.

Existem diferentes métodos, o importante é você entender que o quanto antes você se responsabilizar pela gestão da sua vida, antes você vai parar de culpar os outros pelos seus problemas e antes você vai alcançar o que quer alcançar.

E por onde começar?

Entendendo a sua situação atual

Um bom primeiro passo é entender exatamente onde você está hoje.

Algumas vezes na minha vida, em momentos de grande mudanças, quando precisava tomar uma decisão importante ou quando estava estagnado, fiz o que chamo de “Definição de Percurso”.

Pegue uma folha de papel na horizontal e a separe em quatro colunas:

  1. Fatos
  2. Quero
  3. Não quero
  4. Possibilidades

Preencha cada coluna da seguinte forma:

Fatos:

  • em formato de lista, insira fatos relevantes sobre a sua vida no momento
  • os fatos devem ilustrar a sua situação atual sem considerar suas opiniões
  • seja objetivo e avalie se cada item é realmente algo indiscutível
  • assim que não conseguir mais inserir fatos rapidamente, passe para a próxima coluna
  • exemplos: o meu dia tem 24 horas; hoje ganho R$X por mês; meu custo de vida é R$Y; eu não gosto do meu trabalho atual.

Quero:

  • também em formato de lista, adicione coisas que você quer para a sua vida
  • coloque vontades suas em relação a sua vida em diferentes prazos, sem necessariamente especificar esses prazos
  • mantenha uma visão geral, não insira coisas imediatas
  • pense no ideal, insira as coisas mais importantes que você quer para a sua vida
  • exemplos: adquirir o hábito de leitura; começar a fazer exercícios físicos; abrir minha própria empresa; ganhar mais dinheiro; dormir melhor; me alimentar melhor.

Não quero:

  • acrescente coisas que você não quer para a sua vida
  • olhe para os itens das colunas anteriores para ter ideias do que você não quer
  • pense em hábitos atuais que você quer deixar de ter e também em medos que tem sobre o futuro
  • exemplos: depender financeiramente dos outros; continuar no meu emprego atual por muito tempo; viver com pressa; ter uma vida sedentária.

Possibilidades:

  • insira aqui quais são as possibilidades para a sua vida nesse momento
  • pense em coisas que você realmente pode executar, mas que deve considerar com calma e atenção
  • dentro dos projetos da sua vida atualmente, quais você pode priorizar?
  • olhe para as colunas já preenchidas para inspiração
  • exemplos: começar academia; procurar um novo emprego; começar a atuar como freelancer.

Busque por contradições, limitações e coisas que se alinham nas colunas preenchidas.

Priorize um dos itens quando encontrar uma contradição, por exemplo:

  • (Não quero) Trabalhar muito
  • (Quero) Ter uma empresa com vários funcionários

Pense como você pode resolver uma limitação, como:

  • (Fato) Ganho R$3.000 por mês em um trabalho presencial
  • (Quero) Viajar pelo mundo

Coisas que se alinham tendem a incentivar umas as outras:

  • (Quero) Abrir meu próprio negócio
  • (Possibilidade) Começar a atuar como freelancer

Depois de preencher e analisar as 4 colunas, você deve ter um panorama geral da sua situação atual de vida.

Priorize as possibilidades que fazem sentido e não corra atrás de todas ao mesmo tempo.

Quais ações você precisa tomar para perseguir as possibilidades que vai priorizar?

Agindo de acordo com a sua situação atual

O grande problema ao começar com a autogestão é tentar fazer tudo de uma vez. Você está motivado e desconsidera suas limitações diárias.

Como deve ser o processo de autogestão:

  1. Integre sua rotina já existente em algum sistema (agenda, software, quadro ou o que preferir)
  2. Utilize esse sistema para organizar melhor o seu dia, ainda sem fazer grandes mudanças
  3. Comece, aos poucos, a adicionar novos objetivos e criar tarefas para transformar sua rotina
  4. Adeque para que o sistema seja um reflexo da sua realidade e o torne fácil de utilizar

A integração da sua rotina atual é olhar para os seus dias, semanas, meses e inserir as atividades que você faz com alguma frequência nesse sistema. Depois, inserir as tarefas pontuais que você precisa fazer (como levar o carro ao mecânico ou marcar uma consulta médica).

Com o uso diário, você vai se conscientizar sobre o funcionamento da sua rotina. Vai encontrar maneiras de otimizar suas atividades diárias e fazer pequenos testes.

Agora que você entendeu como a sua rotina funciona, pode começar a adicionar tarefas mais ambiciosas e mudanças de comportamento.

Adeque, personalize, teste. Encontre o meio que funciona melhor para você e faça os ajustes necessários.

O Método Autogestão Progressiva

Se você quiser um passo a passo guiado de como executar a Autogestão no seu dia a dia,

dê uma olhada no Método Autogestão Progressiva.

Nele, eu explico os princípios da Autogestão:

  1. Gestão Ativa
  2. Tarefas Atômicas
  3. O Dia Seguinte
  4. Evolução Gradual

Também mostro como utilizar o Asana (ferramenta de gestão de projetos) diariamente pra organizar as diferentes áreas da sua vida e atingir os seus objetivos.

Só depende de você.

Combine eficiência e autonomia com o
Método Autogestão Progressiva

O Método Autogestão Progressiva te mostra um passo a passo para você eliminar o caos de gerenciar diversos projetos.

Comece agora e profissionalize a sua gestão diária!